sábado, 17 de janeiro de 2009

Sugarcubes:.

Poucos andam devagar, levemente doces, por aí. Deve fazer tempo que não vejo alguém perder a pressa, mas não muito que acho a calma perdida rolando pelo meio-fio. Nesse meio tempo em que alguns perdem o rumo retomo o fôlego, parto para a próxima onda de uma energia nova, sem medo da água que cai com o temporal.
Nas tardes úmidas me refugio passo a passo em tiras de papel, tiro pacotinhos de chá do armário só pra escolher a cor que quero em mim. Onde quero calor, canela. Onde quero tranquilidade, erva doce, baunilha. Cada coisa que eu gosto lembra um gosto - todo lugar tem um gosto -, de mato, mar, sereno, chuva e fumaça de cigarro, chocolate ou carburador.
Mesmo que eu não goste do gosto que me vem, tenho a sensação do doce sutil embarcando no recorte das lembranças. Bem como cubos de açúcar, dos quais não uso mais. São bonitos de ver, de ter nas mãos tão pequenos, ter o gosto delicado que prefiro deixar ali no pote de vidro, enfeitando as cores de cada cor que estiver na estante.
É o bastante.

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