quinta-feira, 31 de julho de 2008

A causa do acaso:.

Se existe, pra mim, algo tão agradável quanto à porção de coisas que fazem a vida mais doce, são as surpresas. Não falo de um cataclismo emocional, e sim dos bons ventos que vêm graciosos, sem pretensão qualquer, trazendo um abraço calmo e aconchegante num segundo em que me encontro em outra freqüência, outra paz que não via pendurada na etiqueta da camiseta.

Quando for registrar minhas peculiaridades no espaço dos pontos discretos, no vão da escadinha de linhas que sempre me chama, vou contar: na extensão das horas, sem querer, fiz pessoas rirem por um pensamento que me surgiu, disseram que sempre que me vêem eu to sorrindo feliz, fiz sujeira com açúcar derrubado no chão e, quando anoiteceu achei que era hora de desacelerar meus motores de detalhes.

Ganhei um abraço, em palavras nem um pouco parecidas com a própria a-bra-ço, mas bastante bacanas pra eu relatar as delicadezas gentis que de vez em quando passam olhando e refletindo as marolas contínuas do que é bonito e nem sempre dou atenção.

Pode ter sido o açúcar - apesar de que certamente foi o conjunto de pequenos presentes -, o motivo com jeito de caleidoscópio que me deixa deveras contente.

Sei que é doce o bem que me faz bem.
[descobri, por acaso, como habilitar comentários, que beleza!]

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sobre plantas e lixo, ou não:.

Logo de manhã uma música invadiu meu repeat mental. Ainda não sabia porque.

Eu saí cedo. Não o cedo em que eu deveria ter saído. Era cedo ali, fora de mim, na calçada do meu sentido direito, nos meus tênis brancos brincando que eram camaleões no cimento sujo. Era cedo demais na semana, pra que eu me atrasasse e acabasse perdendo qualquer coisa, um cronograma, uma matéria nova, uma piada velha. Eu considerava tudo no caminho amanhecido, na poeira das construções na avenida, cedo. O que eu não queria era chegar tarde demais. Sentia o medo de perder, um que não me visitava há um longo período, vir me assaltar a calma, apressar novamente as horas.

Cheguei querendo rapidez e logo quase me perdi no quadro de horários. O horário sempre muda, aliás, alguém sempre muda o horário. O Conselho sempre muda. Ninguém que estuda lá conhece o Conselho, viu ou recebeu alguma dica dele. Ninguém que estuda lá sabe que o conhece. Mas ele foi só outro de meus apesares, outra palavra que me inventei pra apontar qualquer discrição que me valha. Tropeçando, como sempre, nas idéias, fui procurando a sala, lembro que pensei coisas boas e tive vontade de registrar. A vontade ficou. O tempo continuava passando, apesar do que eu queria ali: sentar no chão e com a caneta preta que sempre anda comigo me dividir, folha a folha. Não o fiz porque provavelmente não iria dividir com mais ninguém e as folhas, abandonadas num caderno fosforescente, eu deixaria de lado e tocaria os minutos pra frente, a ponto de não reconhecer aquelas letras horas depois.

Já na sala, a aula dupla havia sido meia, fomos dispensados. Pensei em voltar ao corredor e até sentar no chão pra tentar reaver minhas vontades indisponíveis, mas era perda de tempo.

Quando parei fui perceber que apenas por querer ganhar meu tempo, desperdicei o que tinha em mim, digeri uma opinião, o tempo e duas horas.


Agora testo uma volta à um hábito antigo, de deixar estar a tranquilidade, voltar a andar mais devagar. Como provei há três dias ao tropeçar numa escadinha: não passo do chão e a pressa ansiosa só atrapalha, fazendo com que eu não me alcance, faz dançar fora do ritmo.

Logo de manhã uma música invadiu meu repeat mental. Agora sei porque.

Eu Me Acerto - Zélia Duncan

Não pensa mais nada
No final dá tudo certo de algum jeito
Eu me acerto, eu tropeço
E não passo do chão
Pode ir que eu aguento, eu suporto a colisão
Da verdade na contramão
Eu sobrevivo
E atinjo algum ponto
Eu me apronto pro dia seguinte
Escovo os dentes
Abro a porta da frente
Evito a foto sobre a mesa
E ninguém aqui vai notar
Que eu jamais serei a mesma

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ciano:.

Ilumino.
Apago.
- vagalume à cabo.
acabo.