sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sorte de hoje:.

: Generosidade e perfeição são seus eternos objetivos.

Eternos?

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pausa pra café:.

" I have dreams of orca whales and owls [rabisco mal vetorizado]
but I wake up in fear
You will never be my,
You'll never be my dear, dear friend".


Acordada não consigo concentrar.

Aparece uma distração e pronto, estou trabalhando pelo menos três coisas ao mesmo tempo, ouvindo repetidamente a mesma música enquanto respondo exercícios de apostila e pensando nos prazos de entrega de projetos que nem pensei em como "começar a terminar".

Tento dormir e as idéias vêm todas de uma vez, uma mais bonita que a outra. Levanto, pego a caneta, e as palavras certas desaparecem num flash. A gente devia poder fotografar pensamentos, ou ter uma caixinha deles... Uma caixinha com letras gravadas em découpage, sépia por fora e colorida por dentro. Recheada de tiras de papel com as frases exatas, o coelho na cartola. Entretanto, meu coelho aparece sem precisar cartola nenhuma e insiste em ser como o da Alice, "é tarde, ai ai meu deus, é tarde, é tarde, é tarde!", meus pedaços de frases são iguais àqueles bonecos recortados que ficam juntos pelos bracinhos, uma puxa a outra, um assunto distrai mais um.

Depois de algumas horas viro Alice, tentando espiar pelo buraco da fechadura meu foco e lá vem a enxurrada de neurônios me arrastar. Conto os desaniversários, com as garrafas de chá, água e uma xícara de café ao alcance, intercalando os sabores, distraindo até o paladar.

Quando percebo já é amanhã - ou hoje se preferir. Meu relógio biológico já virou químico, desmaterializou no horário de verão.
Amanhece o dia e eu apenas permaneço no registro das idéias que tive e quase escaparam, nos livros, nas olheiras à chapeleiro maluco.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Mão dupla:.

Alguém ativou a máquina de escrever, “rebobinou”, como gostava de chamar o movimento da parte barulhenta que antecedia cada letrinha estridente pronta para estampar aqueles gestos empoeirados e densos como suas teclas e ela. Queria saber dizer o suficiente através de poucas palavras no fundo de ferro verde-musgo e entre o pontilhado entre uma folha e outra, por onde respirava durante as pausas, tomando chá, verde e claro.
Voltou a alavanca de parágrafos, pensando no som alto que faria se não estivesse tocando devagar a tela sensível que mais parecia um desenho estampado atrás do acrílico; pensando que talvez não pudesse escrever ali sem acordar ninguém, se quisesse passar o que era ao tátil.
No fim da linha percebeu que o que sentia sem falar não poderia ser tocado em silêncio, mesmo sendo, essa ausência de vias, expressa de qualquer maneira, tátil, espiando e esvaindo pela porta, retrátil.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

'Pra sonhar:.

e perceber
que a estrada vai além do que se vê"

domingo, 5 de outubro de 2008

Conjugação da Ausente:.

Playlist de domingo, cento e trinta e poucas músicas com o shuffle ativo.
Coloquei também na lista, uma coletânea do Vinícius de Moraes, que baixei pra conhecer melhor, pensando que só tinha música ali, apesar de saber de toda a poesia dos livros - inclusive indico esse à quem gosta de Vinícius e conhece ou mesmo à quem não conhece, mas tem interesse.

Querendo saber o que aconteceu, siga os links logo ali, mas só aperte o play quando estiver numa lista com todos os downloads na ordem.

Depois da Janta, um silêncio estranho e a lista continuava sem pausas.
Devagar e baixo ouvi o barulhinho bonito romper a dúvida.
Prestei atenção como se lesse um livro, ou conversasse. Então, antes que eu pudesse repetir e entender melhor, ouvi isso.
E compreendi.


Conjugação da Ausente
(se quiser acompanhar o barulhinho bonito)

Tua graça caminha pela casa
Moves-te blindada em abstrações, como um T. Trazes
A cabeça enterrada nos ombros qual escura
Rosa sem haste. És tão profundamente
Que irrelevas as coisas, mesmo do pensamento.
A cadeira é cadeira e o quadro é quadro
Porque te participam. Fora, o jardim
Modesto como tu, murcha em antúrios
A tua ausência. As folhas te outonam, a grama te
Quer. És vegetal, amiga...
Amiga! direi baixo o teu nome
Não ao rádio ou ao espelho, mas à porta
Que te emoldura, fatigada, e ao
Corredor que pára
Para te andar, adunca, inutilmente
Rápida. Vazia a casa
Raios, no entanto, desse olhar sobejo
Oblíquos cristalizam tua ausência.
Vejo-te em cada prisma, refletindo
Diagonalmente a múltipla esperança
E te amo, te venero, te idolatro
Numa perplexidade de criança.