sábado, 30 de outubro de 2010

Sujeitos:.

Meus melhores desconhecidos andam por aí. Eles estão à solta, sentindo nada, só a chuva que continua caindo, enquanto eles caminham encharcados de nada. Meus melhores desconhecidos não olham nos olhos, não acenam ou dizem olá, mas sempre há um reflexo nos vidros de uma vitrine ou janela, a colher de chá mostrando o que não se sabe bem quem é.

Tenho melhores estranhos também. Na verdade não os tenho, não creio em pertencer, então apenas sei, até por onde andam vez em quando, mas evito saber. Meus melhores estranhos, ou melhor, os estranhos a mim são cativantes, mas não o suficiente para uma aproximação.
São os que sentem a chuva, estendem as mãos tentando contê-la e assistem o tempo todo, o temporal, escorrer entre os dedos. São dos que se sente saudade, mas não se quer, então a saudade também escorre pelo temporal. Eles estão do lado de fora e ao sair, apesar dos conselhos a não conversar com estranhos, teimo em olhar com estranheza de volta, já os conheço então.

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