sexta-feira, 8 de outubro de 2010

1.046.527',78"

Existe uma hora em que tudo se percebe. Não tudo, o suficiente.

Contudo os dias se distanciam entre esse momento de percepção os outros em que nos encontramos, se bem que... Nem nos encontramos mais. Nem nós, nem o acaso, nada nem ninguém nos faz coincidir numa esquina num dia de chuva, na papelaria, onde menos se espera. Não tenho sequer notícias, então repouso. De repente um amigo supõe que eu deva saber e me conta que te viu por aí chamando um táxi saindo de um bar cantando a própria ebriedade e tropeçando feliz no próprio erro. Talvez seja inconsciente ou algo parecido. E nós, nós nos parecíamos um pouco. Era pouco o que parecíamos em essência, mas costumavam me perguntar qual era nosso grau de parentesco. Eu ria e até acreditei, mas era pouco e logo a crença se transformou em lucidez.

Eu ri novamente um riso torto, igual ao que te vi sorrindo pra mim naqueles últimos tempos em que conversamos sem ter muito o que dizer. Eu não bebo e mesmo assim tropeço; acabei acordando em um dia em que nós ainda acreditávamos, ou eu acreditava que você também, mas era pouco, tão pouco que eu me esqueci de como funciona essa coisa de acreditar.

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