segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sabiá:.

Passarinho vem e avisa: quatro da manhã. Nem precisa levantar, mas são quatro da manhã.
Canta, assovia solto na pitangueira perto da janela.
Canta, assovia leve quando ainda é abafado, sereno, os postes acesos.
Canta algazarra, cinco da manhã. Vai, levanta, são cinco do final da noite.
E desperta em música, me extingue o alarme. E desperta alarmante, toca o bom dia, vai, volta, tropeça no galho, assovia alaranjado. Desperto no café da manhã puro, amargo no vidro, me adoça o dia, assovio de volta sabe-se lá a quem.
Vai, sabiá-laranjeira, assovia meu sorriso, canta que eu te conto; é amor que não cabe mais em mim.
Leva um pouco, conta também, e extingue esse silêncio alarmante. Canta, vai e voa leve quando ainda é sereno perto da janela. Voa e volta, traga algo que me caiba, traga alguém que adoce a vida. Em qualquer começo de algazarra, num sorriso puro, vem o aviso abafado, os postes imóveis.


Canta qualquer hora à quem sirva essa nossa serenidade.