sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Desapego:.

Separei tantos papéis pra jogar fora que mal consigo lembrar de quando eram. Esvaziei as pastas restantes, os livros que não me interessam mais da estante, os relatos de dias que não sei quando aconteceram. Fui desfazendo os pedaços rasgados enquanto reconstruia a ordem dos títulos, revistas, retalhos de papel.
Encontrei uma folha de um bloco de anotações que usei no máximo quatro vezes e tive vontade de ver aquelas cores mais uma vez. A folha estava em branco, apesar de verde e azul. Procurei, abri caixas, pastas grandes e pequenas, fichários, arquivos de bagunça e nem um sinal dele.
Devo ter perdido em lugar qualquer há pelo menos cinco meses e só agora notei que ele não está mais aqui, não é mais meu.
Engraçado como uma situação assim, desimportante, me fez pensar em como perdemos coisas que um dia achamos importantes dentro de nós mesmos e acabamos percebendo muito tempo depois. Num desses você desperta, o amor não está mais ali, desconhece a letra nos bilhetes e o sentimento impresso neles.
Era apenas impressão, o amor esteve ausente e você se habituou a meras distrações. Resta a indiferença, sem verbo, sem cor, lhe dizendo que tanto faz.

Um comentário:

Iuri disse...

resta a indifrenca,sem verbo,sem cor lhe dizendo que tanto faz

muito bom